domingo, 28 de fevereiro de 2010

Pastoral da Criança de Rio Branco do Sul pede ajuda




No dia 12 de janeiro deste ano o cenário social perdeu uma de suas maiores representantes, Dra Zilda Arns. A médica sanitarista morreu aos 75 anos, vítima de terremoto que devastou o Haiti. A pediatra fundadora e Coordenadora Internacional da Pastoral da Criança se foi, mas deixou um legado importante de valorização da vida, dedicação e amor ao próximo, que continua agora com os familiares e com os líderes e coordenadores da Pastoral espalhados em mais de 3,4 mil municípios do Brasil e em 20 países.
Em Rio Branco do Sul o trabalho iniciado há mais de 22 anos está sendo continuado pela coordenadora Isalete Cardoso Brandt, a dona Elisa, e pelas líderes comunitárias, que visitam as gestantes e crianças de zero a seis anos, realizando ações preventivas, no combate a desnutrição, a mortalidade infantil e também auxiliam no esclarecimento das famílias, quanto aos seus direitos, promovendo assim a justiça social nas regiões mais pobres do município.
Dona Elisa ingressou na Pastoral da Criança em 2001, como líder voluntária. Passados três anos, assumiu a função de coordenadora, responsável pela documentação das atividades e capacitação das líderes, que atuam nas comunidades. “Essa rede é formada por 103 líderes, que fazem as visitas e os acompanhamentos, registrando as informações sobre o desenvolvimento das famílias no Caderno do Líder Comunitário. Contamos ainda com outras duzentas e trinta apoiadoras, que se doam ajudando a fazer o sopão e a limpeza nos centros comunitários, onde acontecem as reuniões mensais. É um trabalho muito gratificante que proporciona uma grande transformação na vida das pessoas, principalmente das duas mil crianças, que recebem a multimistura”, destacou a coordenadora.
A multimistura é um complemento nutritivo acrescentado à alimentação infantil. O produto, composto de farinhas, farelos, sementes, frutas e folhas cruas é feito pela própria coordenadora e distribuído às famílias com crianças abaixo do peso. Apesar da relevância do trabalho em Rio Branco do Sul o apoio financeiro à Pastoral da Criança tem diminuído. “Esta é a primeira vez que tive de comprar a multimistura, porque antes nós tínhamos o apoio da APMI e nesta gestão também não temos mais o apoio da prefeitura. Então com a falta de recurso as atividades da Pastoral em algumas comunidades foram interrompidas”, declarou dona Elisa.
Com a queda na arrecadação restou o apoio de algumas pessoas das comunidades, da igreja católica e da Pastoral da Criança de Curitiba que repassa o dinheiro para custear o transporte das líderes. Tem ainda a colaboração da Copel, que desconta na conta de luz depósitos dos voluntários no valor de R$0,50, R$1,00 ou R$2,00, para comprar a alimentação feita no dia do encontro das líderes. Para contribuir é preciso apresentar a conta de luz à voluntária da Pastoral, que vai anotar o nome do colaborador e o número de identificação da sua conta, para que o valor da doação seja debitado na tarifa. Outra forma de ajudar é assumir o compromisso como voluntário desta obra. Apesar das dificuldades financeiras do trabalho dona Elisa não se deixa abater, encontrando força no companheirismo das líderes e nos depoimentos das atividades realizadas por elas, registrados em atas, apresentadas nos encontros mensais. A cada mês é feito um sorteio de três atas, que relatam as ações das líderes a cada mês. A coordenadora conta que recentemente ficou comovida com o depoimento de uma delas, do Boqueirão da Serra, que disse ter conseguido atender mais duas crianças, distantes há 10km, que eram trazidas pelos pais para serem atendidas pela Pastoral naquela localidade. Em outro momento dona Elisa ficou triste com o relato da líder de outra comunidade, onde o trabalho foi interrompido por falta de verba para fazer o sopão, que alimenta as crianças no dia da pesagem. Apesar dos desafios ela espera que um dia isto mude.

Representante da comunidade pede apoio do Ministério Público para o cumprimento de TACs da Saúde de Rio Branco do Sul


No dia 23 de fevereiro o Presidente do Conselho Jovem e Presidente do Conselho Municipal de Saúde André Viana, se reuniu no Fórum local com a Secretária Municipal de Saúde Maria de Fátima de Sant’anna e a promotora de justiça Juliana Gonçalves Crausez Kohlmann, para informar e pedir providências do Ministério Público sobre as denúncias encaminhadas ao Conselho referentes ao não cumprimento por parte da prefeitura dos Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) número1 e 4 de 2009.
Segundo André, ao assinar os TACs, a prefeitura se comprometeu com a compra de medicamentos da farmácia básica e com a realização de concurso público na área de saúde, mas os prazos para o cumprimento desses termos venceram em agosto e dezembro do ano passado e desde então a prefeitura tem solicitado prorrogação de prazos, prejudicando o cidadão rio-branquense.
A promotora Juliana ouviu as reivindicações apresentadas e concedeu o prazo de 10 dias para que a secretária de saúde apresente as suas explicações sobre os medicamentos que não foram comprados. Quanto ao concurso público a secretária informou que a prefeitura já fez a contratação da empresa, que vai realizar as provas nos próximos meses.
A realização de concurso público no município em Rio Branco do Sul é uma reivindicação do Conselho Municipal de Saúde e das lideranças comunitárias. De acordo com o Ministério Público do Trabalho é uma exigência à prefeitura que não pode contratar por outras vias. Trata-se de um meio de igualar a oportunidade de cada cidadão no acesso ao serviço público, permitindo que mesmo os não apadrinhados, mesmo os que não participaram da campanha política do vencedor ou os desafetos do administrador, tenham a mesma oportunidade de exercer um cargo ou função pública. Além disso, o concurso público é uma forma de se controlar a partir de algum critério a qualificação do profissional.

 
© Papeis Krista '' Por Elke di Barros