domingo, 31 de janeiro de 2010

Sanepar pode administrar a água de Rio Branco do Sul


Sanepar pode administrar a água de Rio Branco do Sul
Empresa apresenta os primeiros estudos e mudanças previstas no sistema de água municipal

Integrantes da Sanepar estiveram na prefeitura de Rio Branco do Sul para apresentar aos representantes do ministério público, do executivo e da sociedade civil organizada informações sobre as condições dos poços artesianos, reservatórios de abastecimento e o consumo de água no município. O primeiro encontro aconteceu no dia 20 de janeiro, quando foi dado mais detalhes sobre os trabalhos que estão sendo desenvolvidos na região.
Desde maio do ano passado a empresa está realizando estudos no sistema de abastecimento de água do município, com a autorização da prefeitura e aprovado pela câmara municipal conforme a Lei 824/2009, que permite a gestão associada dos serviços entre o estado e o município.
Paulo Raffo gerente de operação explicou sobre o desperdício que acontece na exploração, distribuição e consumo de água na cidade. Segundo ele a quantidade de água retira diariamente em Rio Branco do Sul corresponde a 500 litros por habitantes dia, um valor elevado se considerado que a média deveria ser de 200 a 250 litros, conforme os padrões de controle. Além disso, a perda de água no processo de captação chega a 65% a 90%. “Não há um controle sobre esta situação. Não sabemos quanto cada pessoa consome aqui, mas estudos mostram que a quantidade de água explorada poderia atender uma população 65 mil habitantes e o total de moradores, conforme estimativa do IBGE é de 35.152 (24.607 urbana e 9.545 rural)”, destacou.
Outro problema diagnosticado é a falta de proteção dos 18 reservatórios e 12 poços de onde é feita a captação da água que abastece o município. Muitos deles estão sujeitos ao roubo, ao vandalismo e à poluição, comprometendo a qualidade da água fornecida aos moradores.
Para garantir que as condições da água sejam adequadas a gerente de projetos da Sanepar Leura Conte de Oliveira disse que a empresa vai reformular todo o sistema de distribuição. “Algumas unidades do sistema serão aproveitadas, mas outras serão descartadas, a tubulação e as válvulas serão trocadas, isso depois de feito estudo geológico na região”, explicou.
Inicialmente a Sanepar vai investir R$ 11,5 milhões, ficando o município também responsável pela captação de mais recursos para viabilizar o empreendimento.
Nesta fase experimental a empresa vai instalar novas redes de abastecimento em mil casas nos bairros Vila São Pedro, Papanduva e Nossa Senhora de Fátima, com data ainda não definida. Entretanto a cobrança pelo serviço vai ser feita aos moradores destes três bairros.


Informações técnicas e a contestação

Para esclarecer sobre a questão geológica do município a Sanepar retornou à prefeitura no dia 28 de janeiro e apresentou detalhes sobre solo rio-branquense, o aqüífero Karst – reservatório subterrâneo de onde se pretende fazer a exploração da água, que apresenta um grande potencial de abastecimento. Entretanto esta é uma região sensível, de cavernas, com problemas geotécnicos grandes, que tende a ceder e se agravam principalmente pelo processo de urbanização desenfreada, extração mineral e com retirada de água som critérios adequados, como aconteceu em Almirante Tamandaré a partir da década de 1990, conforme explicou o técnico Rogério Felipe. “Nesta época tirávamos água sem nenhum critério, daí houve aceleração do processo e o solo cedeu, rachando todo o colégio, que teve de ser desmanchado. Hoje nós com ferramentas que indicam regiões de cavernas, entretanto não é garantia de 100%, mas é a única ferramenta que nós temos para fazer alguma coisa nesse sentido”, ressaltou o engenheiro técnico.
O ambientalista Valter Johnsson que conhece de perto a realidade de Almirante Tamandaré deu mais detalhes sobre a gravidade da retirada de água acima da capacidade permitida. “Hoje temos casas rachado, caindo, com perda de imóveis outros a Sanepar teve de pagar por decisão da justiça. Além disso, não foram feitos os estudos necessários, bem como em Itaperuçu e em Colombo. Aqui em Rio Branco do Sul é preciso estudo prévio de impacto ambiental, e RIMA (Relatório de Impacto Ambiental), que deve ser apresentado em audiência publica para esclarecer a população”, alertou.
De acordo com a prefeitura além dos estudos ambientais necessários neste processo está prevista a realização de audiência pública, quando a população poderá avaliar e aceitar ou não o gerenciamento da água pela Sanepar pelos próximos 30 anos.

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© Papeis Krista '' Por Elke di Barros